Eu não preciso de ti, mas eu te queria aqui.
Não preciso de ti, porque vivi todos esses anos na minha própria companhia, feliz. Mas a verdade é que mesmo não precisando, eu te queria.
E ninguém imagina o quanto me indigna que as pesquisas apontem o Bolsonaro como próximo presidente do Brasil. Ninguém imagina o meu ódio em pensar sobre os animais de rua ou o quanto me deixa triste o fato da sociedade estar se perdendo no egocentrismo e os humanos estarem se esquecendo do amor. Só que tu sempre entendeu o quanto tudo isso me indigna. Tu sempre entendeu.
Peculiaridades minhas, ninguém imagina como me incomoda ver as pessoas colocando açúcar no café e se recusando a aceitar quando eu garanto que com o tempo a gente acostuma com a falta do doce e vê como é melhor.
Pensei que com o tempo, assim como me acostumei com o café sem açúcar, ia me acostumar com a tua ausência.
Eu só te queria aqui, sem curvas, sem problemas, sem mentiras, sem incômodos, sem culpa. Sem traições. Queria te falar sobre tudo que me inquieta e tudo que me faz bem.
Eu faria até declarações infinitas de amor pra ti (e tu sabe o quanto eu odeio declarações de amor).
Mas, de novo: não que eu precise disso pra viver.
Só que seria muito mais fácil. Pareceria mais fácil aguentar todas essas decepções se eu pudesse conversar sobre isso contigo.
Tu é um dos principais motivos pra eu desejar um mundo melhor.
No fundo, sei que as batidas do teu coração me ajudariam a pegar no sono mesmo com todo esse caos e os teus olhos me dariam a certeza de que, mesmo não sabendo como, tudo ia ficar bem no final.
Metade de mim agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
Escrito em 2017